Finalmente uma atividade que não está atrasada! A solicitação base para a postagem foi a seguinte Assistir aos filmes: Marina Abramovic: The Artist is Present (2012) e Pina (2011). Ao fazer uma rápida pesquisa sobre os filmes, já se percebe que ambos trazem o corpo como instrumento produtor e detentor de arte. A seguir, um breve relato sobre os longa.
Marina Abramovic: The Artist is Present (2012)
O longa em questão não se trata de uma obra sobre Marina Abramovic, a famosa avó da art performance, mas sim uma sobre a essência da autora e sua obra. Abramovic é um dos nomes mais respeitados na arte da performance, que, no primeiro semestre de 2010, foi convidada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York, conhecido popularmente como MoMA, para realizar uma retrospectiva de sua obra. Ela aceitou o desafio e decidiu relembrar algumas de suas mais famosas peças. Para tanto, convida artistas jovens para realizarem performances marcantes em sua trajetória. O principal destaque da exposição não teve nada de retrospectiva, visto que ela desenvolveu um novo conceito e por três meses, por várias horas do dia, simplesmente ficava sentada em uma cadeira enquanto várias pessoas passavam pela cadeira em sua frente. Por alguns momentos, os olhos se cruzavam. Daí nasce o título do filme e da exposição: A Artista está Presente. O documentário, produzido para a HBO, mostra bem como foi a exposição e tem como principal mérito o fato de emocionar quem jamais tinha ouvido falar na artista. Cada pessoa reage de uma forma diferente quando colocada em frente à Abramovic. Da mesma forma, é possível que muitos experimentem reações opostas diante do filme.
Pina (2011)
Pina é mais que uma simples biografia da dançarina e coreógrafa alemã Pina Bausch, sendo, inicialmente, este é o retrato de uma personalidade como raramente se vê no cinema onde a vida de Edith Piaf (Piaf - Um Hino ao Amor), Ray Charles (Ray) e outros foi retratada como um espetáculo, como a trajetória excepcional de um gênio. O que interessa neste filme para o autor é o que fez da alemã uma figura conhecida no mundo inteiro: suas coreografias. Por isso, pode surpreender uma biografia em que quase não se veja a biografada, mas esta é a originalidade do projeto: desmistificar a pessoa para se focar inteiramente na dança. Para isso, Wim Wenders escolheu o 3D, ferramenta rara dentro dos documentários, e ainda mais rara no dito "cinema de arte". Enquanto a terceira dimensão costuma ser usada para se obter efeito um maior de imersão, este filme opta por aumentar a noção de espaço – fundamental à dança. Ao invés de limitar os dançarinos de Pina Bausch aos palcos, o diretor leva-os igualmente às ruas, a enormes galpões, salões vazios, usinas desativadas. Seguindo o lema da coreógrafa ("Dancem, dancem, senão estamos perdidos"), o filme ignora o aspecto elitista da dança contemporânea e leva-a a todas as pessoas, justamente como Pina sempre quis fazer. A trilha pop-eletrônica colabora para atribuir um ritmo pulsante às sequências de dança, enquanto o 3D fornece uma impressão de espaço infinito, de um palco que se estende para muito além da projeção. Os dançarinos se movem sobre solos que não terminam nunca, saindo do espaço quadrado das telas, tornando-se vivos junto à plateia. Entre números de dança, alguns dos bailarinos falam de suas experiências pessoais com Pina Bausch. Pina, o filme, encontra-se numa abordagem bastante moderna pelo uso de sua tecnologia 3D e sua música eletrônica, ele ousa ter uma visão crítica e não idealizada de sua heroína, algo muito diferente dos mártires sofridos e perturbados das biografias musicais comerciais.
Comentários
Postar um comentário